domingo, 10 de janeiro de 2010

Um ano novo.

Já nos foi dito, e por pessoa de peso, que não há revolução no ascenso social. Apenas a crise abre a possibilidade do questionamento das coisas como são.


Estamos descrentes disso. Não nos entenda mal. Não é questão de cuspir no prato que se comeu. É algo mais freudiano, como respeitosamente matar os próprios heróis.

Nossos índices de F.I.B. (Felicidade Interna Bruta) nunca foram tão altos. Há satisfação e sorrisos insistente por toda a parte por aqui. Somos uma nação feliz, como há muito não se via por aí.

O questionamento, talvez, seja coisa para momentos de crise. Mas a consciência não desaparece. As pessoas podem ser melhores, a vida pode ser melhor. Apesar de entendermos o quão assustador possa ser provocar mudanças em momentos de felicidade generalizada, nos parece algo covarde e incoerente, indigno da nossa gente.

São nesses momentos em que nada parece nos incomodar que temos o dever de canalizar as forças que sobram - transbordam, no nosso caso - e arregaçar as mangas para fazer toda aquela faxina que antes parecia impossível, porque todos nós chegávamos muito cansados do trabalho, e só queríamos sentar no sofá e ver comédias enlatadas (ainda que bem escritas).

É justamente agora, que a vida parece boa, que toda vida merece a chance de ser boa. Nada pode ser congelado. Nenhuma situação pode ser mantida indefinidamente (amem, pois seria enlouquecedor). Nenhuma felicidade justifica a inação. Apenas a covardia justifica a inação. Ouçam o rugido do leão e temam, pois homens felizes moram aqui.

Hora da faxina.